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“Pais e mães de LGBT’s também precisam sair do armário”: O Fortalecimento das Relações Familiares foi o tema da 3ª edição do “Quebrando o Tabu”


4 de abril de 2019, 21:15

Foto: Roberto Fonseca

Ramona Maria Borges, Cláudia Pelizzari, Ana Cristiane Sarmento e Ricardo Argolo são mães e pai de filhos gays. Os quatro abraçam a causa das pessoas LGBT como uma questão de família, lutando contra o preconceito, e foram os convidados especiais da 3º edição do “Quebrando o Tabu”, realizado na noite desta quarta-feira (03), na Praça Rui Barbosa, cujo tema foi “O fortalecimento das relações familiares”.

O “Quebrando o Tabu” é um evento promovido todos os meses pela Prefeitura de Alagoinhas, por meio da Secretaria de Assistência Social (SEMAS),  em parceria com a Aliança pela Promoção LGBT+ de Alagoinhas (LIDA LGBT+) e outras entidades, com o objetivo de propiciar um espaço para a desconstrução, através do diálogo, de paradigmas e mitos sociais construídos e mantidos pela sociedade, promovendo cidadania à população LGBT+.

O “amor” foi o signo mais evocado pelos participantes, que em seus relatos, descreveram de forma minunciosa, bem- humorada, e, em alguns momentos, com muita emoção, as suas trajetórias, desde a descoberta ao engajamento na causa de lésbicas, bissexuais, gays, transexuais e travestis.

Ricardo, pai de Lilly, mulher trans e travesti, de 22 anos, conta que, desde o começo, o apoio à filha foi irrestrito, e que a parte mais complicada foi a adaptação à nova realidade de transgeneridade na família. “Estive junto com ela em todos os momentos da transição, como uma sombra. A acompanhei de perto, procurei me informar sobre esse universo, muitas vezes,  com fontes recomendadas por ela, buscamos apoio de psicólogo e também viajamos juntos como mais uma forma de desfocar da parte dolorosa do processo. Hoje, passadas todas as fases de adaptação, tanto da parte dela, quanto da família, a minha preocupação é a violência. Mesmo adulta, com 22 anos, faço questão de levá-la e buscá-la sempre que posso, em todos os lugares, no intuito de protegê-la da intolerância e da violência, fatores que, infelizmente, ainda geram números alarmantes no país”, afirmou Ricardo.

Foto: Roberto Fonseca

“ Nunca estamos preparados para ser mães e pais de LGBT’s. Cabe a nós, buscar informações, enxergar a realidade em volta e desconstruir para transformar. Mães e pais de LGBT’ ‘s  também precisam sair do armário.Assim como eles, nós precisamos de coragem para assumir a causa para lutar por políticas públicas que garantam cidadania, proteção de direitos e para acolher outros pais que estão passando pelo processo de descoberta e aceitação. Hoje, eu enxergo a opressão que, por ignorância, exercemos sobre o nosso filho e o sofrimento pelo qual ele passou nas tentativas de namorar meninas para, simplesmente, não decepcionar ou mesmo, expor a família. Quando finalmente percebi, o chamei para conversar. Choramos, nos abraçamos e senti o seu alívio com o meu acolhimento”, conta Ana Cristiane, integrante do Grupo Mães do Arco-Íris. Na oportunidade, Cristiane elogiou a iniciativa da prefeitura de promover esse espaço de diálogo e de desconstrução de preconceitos.

Foto: Roberto Fonseca

“ Não vamos ‘patologizar’ o que é não é doença. Nós é que precisamos nos tratar”, disse Ana Cristina, mãe de Angela, que se revelou lésbica numa reunião familiar. “Eu tive crises de ansiedade, procurei ajuda psicológica para poder dar o acolhimento necessário à minha filha, minha menininha, que não tinha aquele estereótipo de lésbica que a sociedade construiu, seja por falta de informações ou simplesmente por preconceito”, conta Claudia.

“Eu tinha uma ansiedade, como mãe, uma vontade de que o meu filho chegasse até mim e falasse. E isso só aconteceu só quando ele tinha 18 anos, mesmo eu sabendo de tudo, dizendo que o amava, de qualquer forma, em qualquer hora, de qualquer jeito, mas era difícil para ele falar sobre aquilo. Sempre soube que ele era gay, o coração de mãe sempre sabe. O coração te faz enxergar, não para dizer que é, mas para reafirmar que é meu filho, e que eu o amo e o respeito de qualquer jeito”, disse Ramona. “O maior medo é a violência, sabe, o medo dele não voltar para casa. De meu filho sofrer tão somente por que ele é uma pessoa LGBT. Nós moramos em Alagoinhas e uma vez, ele chegou em casa correndo, dizendo que tinha uma pessoa o perseguindo, tão somente por isso, e de outra vez, um cara o agrediu com um martelo só porque ele é uma pessoa LGBT. Essa violência é cruel, é triste”, relatou.

 

 

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